quarta-feira, 6 de fevereiro de 2008

Loulé: Almargem denuncia empreendimento turístico em Rede Natura 2000

A associação ambientalista Almargem denuncia hoje o projecto turístico da Quinta da Ombria, no concelho de Loulé, que prevê a construção de hotéis, campos de golfe, moradias e blocos de apartamentos em 144 hectares de Rede Natura 2000 e em cima do aquífero Querença-Silves. Os ambientalistas criticam um turismo “de betão” e admitem recorrer às instâncias comunitárias.

Em comunicado, a Almargem explica que o empreendimento pretende ocupar o Sítio Barrocal da Rede Natura - área de elevada biodiversidade (matagais, sobreirais e azinhais) -, mesmo ao lado do Sítio Classificado da Fonte Benémola. Estas zonas são protegidas por critérios europeus.

O empreendimento, em 144 hectares, prevê um campo de golfe, dois hotéis, doze blocos de apartamentos, 35 moradias e respectivos acessos.

“Até poderia ser um exemplo de um novo modelo turístico para o interior, mas não (...). É, antes de mais, um claro exemplo do modelo já gasto do litoral que se está a querer importar para o interior”, comenta a associação em comunicado.

O empreendimento tem implicações para os valores naturais e para os recursos hídricos subterrâneos, salienta.

Em 2004, o Governo deu luz verde ao projecto mas em 2006, a Comissão Europeia enviou um parecer fundamentado por considerar que o direito comunitário estava a ser violado. Segundo Bruxelas, o projecto “minimiza o impacto directo do empreendimento sobre três habitats protegidos (...) e ignora ainda a poluição provocada pelo campo de golfe”.


Mas, diz a Almargem, o projecto avançou e o Plano de Pormenor, aprovado recentemente pela Assembleia Municipal de Loulé, viabilizou-o. Este plano “viabiliza uma proposta de ocupação massiva para uma área caracterizada pela baixa densidade demográfica, promovendo a transformação de espaço rural em urbano, ao arrepio das actuais orientações de planeamento, e baseando-se exclusivamente no imobiliário turístico, persistindo em desrespeitar os valores paisagísticos em presença”.


Além disso, acrescenta, “com as suas 1700 camas, o projecto esgota totalmente a capacidade de acolhimento prevista no PDM de Loulé para aquela zona, inviabilizando qualquer futuro projecto turístico local, mesmo que de reduzida dimensão”.O projecto “implica um aumento brutal da pressão humana sobre o território, duplicando, de um momento para o outro, a população residente no conjunto das duas freguesias (Querença e Tôr)”: dados dos Censos 2001: Tôr - 887 habitantes e Querença - 788 habitantes.

A Almargem lembra também que o “projecto ignora a obrigatoriedade de interdição à construção em áreas percorridas por incêndios, no caso concreto por efeito do incêndio corrido em 2004”.

A associação defende um projecto turístico para a área da Quinta da Ombria que reconstrua e modernize as casas antigas e montes abandonados, de forma sustentável.
“A Almargem continuará a envidar todos os esforços para parar este projecto (...), se necessário for recorrendo às instâncias comunitárias”.


Fonte: Público

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