sábado, 28 de março de 2009

Afinal quanto vale a Natureza?

“Num planeta limitado, é insustentável ter uma economia baseada numa produção ilimitada”



O Condomínio da Terra decidiu atribuir um valor económico a tudo o que a Natureza faz: ar, água ou minerais valem tanto como o que o Homem produz. 

Este valor, quase o mesmo que o produto interno bruto mundial, resultou de um trabalho desenvolvido por 12 economistas e ecologistas, que dividiram a superfície do planeta em 16 biomas (de florestas tropicais a recifes de corais) e definiram 17 categorias de serviços.

Estas contas pretenderam atribuir um valor económico aos serviços ambientais prestados pelos ecossistemas, que são essenciais para a vida no planeta.

A concepção do Condomínio da Terra prevê que a manutenção dos ecossistemas seja entendida como uma actividade económica, acabando com a perspectiva actual de só atribuir valor à natureza depois de a destruir ou transformar.



“As árvores têm que valer mais vivas do que em madeira e, neste momento, uma árvore só tem rentabilidade económica quando é transformada em madeira”, frisou o ambientalista Paulo Magalhães, referindo-se à importância das florestas.

Para inverter este quadro, tornou-se necessário atribuir um valor aos serviços prestados pelos ecossistemas, para permitir contabilizar o que cada um tem a pagar ou a receber pelo seu uso ou pela sua conservação e manutenção.

“O nosso sistema de valoração é a economia, que tem que dar valor ao que nós mais precisamos e, neste momento, precisamos mais dos serviços prestados pelas florestas do que de telemóveis de quarta ou quinta geração”, salientou o principal impulsionador do Condomínio da Terra.

Nas contas da equipa liderada por Robert Costanza, o serviço ecológico mais ‘valioso’ prestado pela biosfera é a reciclagem de minerais, em especial carbono, nitrogénio e fósforo, que foi avaliada em 17 triliões de dólares anuais.


O tratamento de resíduos e filtragem de produtos tóxicos (2,28 triliões), o controlo de distúrbios climáticos (1,78), o armazenamento de água em bacias hidrográficas, reservatórios e aquíferos (1,69) e a produção de alimentos (1,39) são outros serviços cujo valor foi estimado.

Nesta lista incluem-se ainda serviços ambientais como a regulação dos níveis de gases atmosféricos poluentes (1,34), as fontes de matérias-primas (0,72), o controlo biológico de pragas e doenças (0,42) ou a protecção de habitats utilizados na reprodução e migração das espécies (0,12).

O estudo permitiu concluir, sem sombra para dúvidas, que os ecossistemas do planeta prestam serviços cujo valor económico é muito superior aos lucros gerados pela exploração tradicional dos seus recursos.

O desafio colocado pelo Condomínio da Terra é a criação de um modelo que promova a produção e manutenção dos bens vitais do planeta e, ao mesmo tempo, faça repercutir os custos de produção dos bens não essenciais que contribuem para a destruição das condições sustentáveis da biosfera.

Com este sistema, esperam os promotores do projecto que os países procurem danificar o menos possível as partes comuns do planeta e cuidem delas da melhor forma.

“Num planeta limitado, é insustentável ter uma economia baseada numa produção ilimitada”, defendeu Paulo Magalhães.


Nesse sentido, salientou a necessidade de “criar, ao lado da economia de produção, uma economia de manutenção das partes comuns”.

“Tem que haver pessoas, empresas, países, cujo trabalho é cuidar das florestas, limpar as águas, garantir o funcionamento dos ecossistemas”, frisou.

Fontes: Observatório do Algarve 

http://www.observatoriodoalgarve.com/cna/noticias_ver.asp?noticia=28237

Imagens:

http://fc04.deviantart.com/fs16/i/2007/216/b/2/Nature___by_kampongboy92.jpg - Fotografia de paisagem com nuvens

http://www.winajuda.ig.com.br/deskmod/2006-03/wallpaper_Nature_Captured_3D_by_Neo101.jpg - Imagem sobre as quatro estações

http://www.sxc.hu/browse.phtml?f=download&id=1155279 – Fotografia de água

http://www.glowinthedark.net.au/images/800px-Fluorescent_minerals_hg.jpg - Fotografia de minerais
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Pedro Abrantes (NAMB)

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